sábado, 13 de fevereiro de 2010


Redbelt, de David Mammet, é daqueles filmes espectaculares que nos relembram que os heróis não têm nem superpoderes nem vêm de outros planetas: apenas têm valores bem definidos pelos quais se regem, aconteça o que acontecer. Por isso mesmo é que o filme tem com o espectador (pelo menos comigo teve) a ligação que tem; é um filme que nos inspira a ser melhor.

A personagem principal, apesar de todos os infortúnios (e não são poucos), nunca abandona aqueles ideais que desde o inicio transmitiu. Por isso é que o espectador fica com os olhos humedecidos no final, quando este recebe aquele derradeiro símbolo de respeito e de valor: porque o herói do filme é um herói num mundo real, e é-o de forma realista.

Redbelt é grande. Mammet teceu um argumento perfeito, o trabalho dos actores (que vão desde Emily Morton a Rodrigo Santoro e passando por Tim Allen) é fenomenal, e Mammet filme de forma íntima e serena, como a história bem o precisa. As cenas de acção de jiu-jutsu têm um misticismo de isto-era-perfeitamente-possível-e-há-mesmo-pessoas-que-fazem-isto. Tirando aquela brilhante batalha final, momento de tensão e de espectacular valor emocional, em que o espectador fica à beira do assento a torcer pelo herói.

Porque Redbelt é, afinal de contas, um drama de pessoas boas num mundo mau. Sobre um homem (Chiwetel Ejiofor está genial no seu primeiro papel de protagonista principal) que, aconteça o que acontecer, vive a vida de acordo com o que é mais importante: ideais e valores, que fazem de nós quem somos. É um herói do agora (ainda que a história de Mammet inspire também por possuir um certo misticismo realista que muito nos atrai) e, como ele bem diz, a certa altura, "Eu? Ninguém sabe quem sou eu". De seguida vai-se embora. Para que raio se ralaria ele com tais trivialidades como alguém saber quem ele é? Um herói é-o sem sequer o saber; é-o apenas porque é quem quer ser, quando o mundo que o rodeia diz-lhe o contrário.

Obra-prima de Mammet. Um crime o facto de isto não ter passado nos cinemas.

2 comentários:

  1. Por cá passou despercebido e é uma pena. Eu descobri-o graças a um colega bloggeiro do Brasil. Por óbvias razões o filme no Brasil não iria passar despercebido :D

    Gostei muito e o final é poderoso.

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  2. O final é mesmo espectacular, e tenho pena de só o ter visto recentemente. Queria ter visto no Estoril : /

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